7.
A escola, desde o primeiro dia, logo me pareceu um lugar bem mais alegre que minha casa. Era o local do bairro em que eu me sentia mais segura, e ia para lá muito emocionada. Prestava atenção nas aulas, executava com o máximo zelo tudo o que me mandavam fazer, aprendia. Mas acima de tudo gostava de agradar à professora, gostava de agradar a todos. Em casa eu era a preferida de meu pai, e meus irmãos também gostavam de mim. O problema era minha mãe, com ela as coisas nunca iam por um bom caminho. Já na época, quando eu tinha pouco mais de seis anos, tinha a impressão de que ela fazia tudo para me mostrar que eu era supérflua em sua vida. Não tinha simpatia por mim, nem eu por ela. Seu corpo me dava repulsa, o que ela provavelmente intuía. Era alourada, íris azuis, opulenta. Mas tinha o olho direito que nunca se sabia para onde olhava. E a perna esquerda também não funcionava direito, ela a chamava de perna machucada. Mancava, e seu passo me inquietava, especialmente à noite, quando não podia dormir e andava pelo corredor, pela cozinha, voltava atrás, recomeçava. Às vezes a escutava esmagar com golpes raivosos do taco as baratas que chegavam à porta de entrada, e a imaginava com olhos furiosos, como quando implicava comigo.
Com certeza ela não era feliz, os afazeres domésticos a abatiam, e o dinheiro nunca bastava. Irritava-se frequentemente com meu pai, contínuo na prefeitura, gritava-lhe que devia inventar alguma coisa, que assim não era possível seguir adiante. Brigavam. Porém, como meu pai não erguia a voz nem mesmo quando perdia a paciência, eu sempre ficava do lado dele e contra ela, ainda que às vezes ele batesse nela e soubesse ser bastante ameaçador comigo. Foi ele, e não minha mãe, quem me disse no meu primeiro dia de escola: “Lenuccia, seja boa com a professora e nós a manteremos na escola. Mas se não for boa, se não for a melhor, papai precisa de ajuda, e você vai ter de trabalhar.” Aquelas palavras me assustaram muito; no entanto, mesmo tendo sido pronunciadas por ele, as senti como se tivessem sido sugeridas por minha mãe, como se ela as tivesse imposto. Prometi a ambos que seria uma boa aluna. E as coisas correram tão bem desde o início, que a professora frequentemente me dizia:
“Greco, sente aqui perto de mim.”