[N.4 | 2023]

Ao fim da dança

Isabel Ramos Monteiro

Durante a morada no interior do líquido-oceano da mãe, o bebê se move e a única explicação que fala sobre a diferença das digitais de cada um (inclusive no caso de irmãos gêmeos, as impressões são diferentes) é de que a pele em formação, em contato com a água, cria uma rugosidade que tem seus padrões definidos através do movimento do bebê. Acho bonito pensar, então, que temos, nas pontas dos dedos, essa partitura coreográfica de toda uma vida anterior. E que, quando acariciamos alguém, emprestamos àquela outra superfície essa memória de movimento de toda uma vida.2

nas pontas dos dedos
todo tempo
o caminho dança

introdução à anatomia

formada por um conjunto de ossos que se articula entre si, a pélvis é a estrutura que fica entre a parte inferior e a parte superior do corpo. o vazio ósseo entre a bacia e a caixa torácica (ligadas apenas pela linha posterior do corpo, a coluna) desenha a cintura, circunferência mais estreita, localizada na altura do umbigo. nas laterais do quadril, logo abaixo da cintura, onde apoiamos as mãos durante uma espera qualquer, as espinhas dos ílios, o cume de uma montanha que desemboca na púbis, à frente da bacia, e no sacro, nas costas.

o ílio é uma estrutura que lembra
a asa de uma borboleta,
uma orelha, uma concha

no final de cada uma das asas,
ancas,
no fim da cintura pélvica,
na aba inferior,

os ísquios,
em cada um dos quadris

para onde apontam seus ísquios
enquanto caminha
agora
enquanto se senta

cintura
anca
cadeira
são as palavras do português que dão nome à pélvis

descadeirado, requebrado, rebolado, comportado
são alguns dos advérbios usados para qualificar os movimentos que esse
complexo ósseo e muscular
realiza.

talvez seja a região mais bem-humorada do nosso corpo
e também
aquela portadora do maior número de tabus.

talvez a região mais violentada
reprimida
divertida
estereotipada.

desde os ossos dissecados
para cada osso
um nome
um desenho
comum
comum a todos

o molde do osso
quem molda

moldados
saberíamos
dizer daquele esqueleto
o que fez
saltou demais
quebrou
pariu
dançou.

nas danças brasileiras, muitas delas de matrizes africanas,
o quadril é central no movimento
o cóccix, pequeno osso localizado no final do sacro,
vestígio do rabo de nossos ancestrais,
em forma de flecha,
aponta para baixo
desenha infinitos
oitos
quadradinhos de oito
quadris até o chão

sambei

no balé clássico, essa região pouco se moveu
as pernas e os braços ornamentam o espaço
o centro do corpo estável
concentrado.

Martha Graham alicerçou ali a origem de sua dança
com contrações e relaxamentos
moveu a pélvis em básculas
para frente e para trás
sequenciando o movimento de
toda
coluna
que com ela
se expandiu recolheu
espiralou no espaço

pela bacia de alguém
que um dia nos carregou
passou um bebê
você
e para que isso tenha sido possível
esse complexo ósseo se alargou
no parto
os ossos da púbis
se distanciaram
o sacro nas costas basculou para trás
abrindo caminho para a passagem do bebê que
ali escorregou
desceu girando
geralmente da esquerda para a direita
mas nem sempre
mas sempre
buscando por espaço
o bebê gira na descida da pélvis
espiralando
os ossos da cabeça se encaixando
com o espaço sem ossos
da bacia
o centro da bacia vazado
espaço limite

o nascimento é uma queda
da passagem do mundo aquático para
o mundo terrestre
mediada pela pélvis
a bacia
que talvez receba esse nome
por acolher e depois
lançar o bebê ao mundo

talvez isso explique também o nome dado ao osso
feito da junção de outras cinco vértebras
sacro
osso sagrado que se abre
como um portal
permitindo a queda
a queda de origem

caminho

disseram:
bebês gostam de serem ninados
porque assim
adormeciam
na barriga de suas mães,
no balanço de suas pélvis
um pé depois do outro
calcanhar
metatarso
dedão

calcâneo
hálux

pé ante pé

caminhar
“me leva para perto de você
para longe de você
organiza o tempo de forma periódica,
circular,
por meio de passos”3

com quais compassos
se faz um caminhar

fui e voltei pela sala
contando:

binário
ternário
quaternário
contração
relaxamento

(o fato de termos) dois pés
não reduz nosso passo
a um único compasso

“se começo a modular
o parâmetro
do tempo
distingo um ritmo

and
I’m already dancing”
4

a cabeça inclinada ligeiramente para frente
andamos para não
cair
levantamos
caímos
aceleramos o passo e já estamos dançando
correndo
nossos pés fora do chão
no chão fora do chão
o centro do pé
para sempre vazado
como o centro das mãos
como as chagas de cristo
o céu da boca
abóbodas
arcos

desenhamos parábolas ao infinito
em cima
embaixo
em cima

pêndulos
vagas
valsas
ondas

vagando
divagar
devagar

la vague
em francês

o bebê embalado
nas ondas da pélvis de sua mãe

andamos em círculos
embalando
bebês
nos embalando

corações vivos

como diz meu pai
como dizia seu pai

ficam nas panturrilhas
nossos segundos corações
que bombeiam rio acima
o sangue venoso de volta ao peito

caminhar
faz bem
à saúde

o dançarino &
coreógrafo
norte-americano
Steve Paxton tem no caminhar
a base de seu trabalho:

cada passo é um evento
sinuoso
dobrar-se e desdobrar-se ao redor do próprio centro
o desenho cruzado no corpo

a cada passo
uma hélice se desenha
como as do DNA
espirais
de um lado a outro

vagas
ondas

a maioria dos mamíferos
se desloca em quatro apoios

nós

também
engatinhamos
e depois

equilibramos nossas cabeças sobre os apoios dos pés
liberamos nossos braços

“é a partir da adaptabilidade do nosso caminhar que a dança se faz possível.”5

os braços
pendulam no ar
se apoiam no ar
desenham o ar

“o primeiro passo da criança é um passo trôpego, que cambaleia, e é o mais lindo passo que existe no mundo sublunar onde os filhos dos mortais sobrevivem como podem.”6

depois de nadar rastejar engatinhar
caminhamos
cambaleantes
até o fim dos dias

a n d a r
d a n s a r

Rosa escreve “dansar” em grande sertão: veredas
dansar com o sertão
dansar com s
travessia a pé

caminha

Adília Lopes com o s da Sophia de Mello B. Andressen

“desde que comecei a dansar
escrevo dansar com s como a Sophia.
Danso na minha cozinha descalça.
Danso sozinha para os gatos. Enquanto danso, penso.
Penso e giro. De girar e de gerir. Enquanto danso, raciocino e raciocino melhor.”7

enquanto dansa raciocina melhor
dansar caminhar pensar

caminham
Vitória, Fabiano, Baleia, os meninos
em vidas secas na lama
suas apalgartas
chape-chape
é o som de sua caminhada

“a cabeça inclinada,
o espinhaço curvo, agitava os braços para a direita e para a esquerda.
Esses movimentos eram inúteis,
mas o vaqueiro,
o pai do vaqueiro,
o avô e
outros antepassados mais antigos haviam-se acostumado a percorrer
veredas, afastando o mato com as mãos.
E os filhos já começavam
a reproduzir o gesto hereditário.
Chape-chape.”8

herança da espécie caminhamos
junto dos nossos
antepassados
dançamos cada um sua dança
individual e coletiva, partilhamos do som
do gesto inútil
hereditário
caminhar dançar
chape-chape

“com todo esse caminhar
a percepção se aguçou incrivelmente
o corpo aí já estava mais condicionado à mente”9

dansar flanar

chape-chape
cedilhas prego espinho tropeço
no pé
pedra no meio do caminho
dançar tropeçar

“a dança faz apelo à falta de jeito natal.
ela usa todos os gestos das crianças.
ela não consegue falar.
ela não sabe cantar.
ela nem sabe levantar o pé.
ela nem sabe como colocá-los no chão.
ela não sabe juntar as palmas, separá-las, golpeá-las, produzir som.
a dança apela ao corpo silencioso que habita toda a vida em outro corpo que o precede – em outro corpo que já não existe.
a dança apela ao corpo antes da linguagem
(o corpo original, o corpo ovular, o corpo embrionário, o corpo fetal, o corpo nativo, o corpo infantil).
ao corpo antes de mim.
o corpo antes da posição do sujeito.
ao corpo antes do rosto.
ao corpo antes do espelho.
ao corpo antes da pele.
ao corpo antes da luz.”10

para onde caminhamos
quando caminhamos
para o centro
com o centro
para a luz
para antes da luz
para origem
e chegada

h
o
r
i
z
o
n
t
e11

“os desenhos que fazem o pendular dos braços não são paralelos entre si,
mas sutilmente enviesados para o centro, porque, finalmente, é o centro da pélvis que precisa ser movido adiante.”12

uma linha de força
entre bacia e pés
cabeça
céu da boca
embalam
nossos pensamentos
vagos
divagamos
sem meta
passo contrapasso
meditamos
nos salvamos
fugimos
quantas histórias de salvar
a pele
a pé

será
que o balanço de origem
está sempre impresso
no nosso

andamos
para as ondas
de la mère
para o encontro com
as águas
a mãe

andamos
como que
desalojados
do primeiro balanço

em busca
de quê
pra onda

andamos
como podemos
sobreviventes do mundo sublunar

todo rio é um desejo de mar

*PAUSA

(caminhei todos os dias com minha filha na barriga, a cachorra na coleira e a mão do parceiro cada vez mais necessária para sobrepor ladeiras, buracos.
caí porque o ar não me apoiou. caímos todos.)

embalei minha filha na nossa primeira caminhada
parei a cada 4 minutos de quatro
e segui a cada 4 minutos a pé

sístole
diástole

contração a cada 4

no caminho de sua chegada à terra
que tudo atrai para o centro dela mesma
onde sobrevivemos como podemos

os primeiros passos
do bebê
trôpegos
cambaleantes
os braços livres
para o espanto
para o embalo
os braços dados

seguidas quedas

caminho

aprendemos a andar
como aprendemos a andar
no momento da queda

cruzamos fronteiras
jornadas
dias e noites
andamos em círculos
panturrilhas, coração

o sangue dessa espécie já caminhou todo o planeta

“na calçada
na lama
no gelo
na neve
no fogo
na água”13

man walking down on the side of a building
woman walking down a ladder
walking on the wall

títulos de Trisha Brown

homem caminha descendo a lateral de um prédio
mulher descendo uma escada caminhando
caminhando na parede

o corpo paralelo ao chão
não deita, caminha
em nossa direção
o corpo paralelo ao chão permite
que se veja
o caminhar afinal
os pés no contato com a pele do prédio
a cabeça no ar

é incrível caminhar
amantes da caminhada

satisfyin lover
é o nome da peça de Steve Paxton
em que ele sugere a
qualquer-pessoa-dançarina
ande, caminhe, sente-se,
“com a mente aquietada”

the mind should be at rest
está escrito
na coreografia
que está escrita
para qualquer um
a qualquer momento
para grupos
A, B, C, D, E, F
42 deixas
que se podem ver
para além do teatro

como traduzir
o nome
da peça?

Hello Isabel,
Satisfyin Lover (it has no g nor apostrophe) was so named because the dance was the apex of dances I had been working on for 5 years most of which had a walking aspect. I somehow needed to accumulate nerve to reduce a dance to just walking. When the moment came, in 1967, I experienced a great relief
.’ 14

sintetizar a dança ao nível da caminhada
produziu um grande alívio
tudo ali contido

amor satisfeito
amante satisfatório
amante satisfazendo-se
amadores

apaixonados
os que caminham

homem andando na lua
quatro dias quatro noites
Artur Barrio andando sozinho no Rio
terceira margem do
pai vagando sozinho no rio15
uma vila em cortejo
sorocô sua mãe sua filha
andar e cantar e dançar

braços livres para embalar
amantes satisfazendo-se
braços livres para abraçar
amantes satisfeitos
braços livres
coro solto
veredas caminhos gerais sertão pasto deserto
floresta
crianças braços livres

origem, chegada

nos minutos finais do parto, uma plateia de mascarados foi se posicionando à minha frente,
e restavam a mim os últimos empurrões

mas para qual mundo Joana nasceria,

mais três puxos finais,
disse a médica,

mas e se eu não quiser,
pensei,

será que conseguiremos viver nesse mundo,
pensei,

filha,
me dá coragem,

e a vi respirar pela primeira vez

na saída da maternidade

rumo ao nosso isolamento rígido pós estadia no hospital
apresentei
pela janela do carro
minha filha à família

Joana,
20 meses,
desvenda sorrisos
pelos olhos
de quem lhe sorri

sem precisar olhar os dentes,
sorri de volta.

*

morte

No sítio de São Braz, na Serra da Capivara, encontraram sete indivíduos em urnas funerárias:

A variação quanto à posição e acomodação dos corpos ocorre de duas formas, sentada e fetal, sendo que para dois indivíduos adultos não foi possível constatar a posição, porém a presença dos pés articulados com as plantas dos pés apoiadas no fundo da urna sugerem posição sentada; para um dos indivíduos adulto não foi possível verificar a posição, pois a urna havia sido totalmente fragmentada, já o indivíduo subadulto apresentava a posição sentada; enquanto a deposição do corpo das três crianças nas urnas, foi realizada em posição fetal.16

*

o que ela vê quando fecha os olhos
quais danças não viu
mas vê
quando fecha os olhos

ela conheceu seus pais
suas avós
seus tios

como imagina
seus passos
sua dança,
tem som?

Isadora Duncan dança para o mar
de frente ao mar

minha bisavó em cima da mesa
para taconear
– o que ela dançava? –
castanholas nas mãos
caiu

meu bisavô, apicultor
abelhas dançam ainda ao redor de sua
cabeça

a rainha mãe
– minha avó – quebrou a máquina de fazer tricô
de raiva

minha filha:
conhece minha mãe
conhece minha mãe
conheço minha mãe
desde seus trinta e três

ela
dança hally galy aos doze
na festa do arroz
doce
a sua sobremesa
dei de comer na colher

– sorri, Margarida! –

ela
campeã de hally galy

eu
sorrio até seu silêncio

nunca soube o que era raligali
até buscar no google quando reconheci os trejeitos da sua dança
no vídeo em preto e branco

– como
perguntei
– como aprendeu aquela dança americana
perguntei
– o que fazia, afinal, a avó em cima da mesa
perguntei
– como rodava a saia de veludo pesada
perguntei
– como soavam as castanholas
perguntei
– como caiu

ela

manda correios elegantes citando Exupéry

– e cativar é só coisa boa
responde meu pai-com-sonho-de-dançar-valsa-com-a-neta
e continua:

te aguardo para mais uma contradança

sua última mensagem fica na nuvem

*

[não consigo colocá-la no pretérito perfeito
é a parte mais difícil]

se puder responda
você consegue reconhecer
o som do passo
de quem mora com você

desliza
tropeça
arrasta
chinelo
pantufa
meia

você está sentada

você já dormiu de pé

deitada

em um sarcófago encontrado na Baía de Nápoles, na Itália,
de frente para o esqueleto
encontraram uma pintura –
“um mergulhador mergulha,
ele não tem mais os pés na acrópole, ele está no ar, sua cabeça ainda não alcançou o mar.
A ação não está concluída.
Ele está mergulhando.”17

mergulhando
minha mãe
perdeu a marcha
tropeçando
mãe filha neta
começaram a caminhar
caindo

o que deixou de ver
olhando para o céu
olhando para o chão
posição fetal

caiu

*

caiu
era a palavra usada
pelos militantes na américa latina
para nomear a captura de seus companheiros.

da mulher que perdeu a irmã
ouvi
antes de dormir contava
– como carneirinhos –
os nomes dos que tinham caído

(Buenos Aires, 1977)

*

a mãe fora dela

La Mère hors d’elle, tel est chaque enfant

L’origine de la danse
Pascal Quignard

Tenho pouquíssimos registros em vídeo de minha mãe. Depois de sua morte, vi meu pai se perguntando inúmeras vezes, ao ver fotos suas da juventude entre outras mais recentes, qual Daisy havia morrido – eles estavam juntos há 46 anos. Minha vida com minha mãe começa nos seus trinta e três anos de idade e dependeu inteiramente de seu corpo por no mínimo 37 semanas. Minha filha começou a andar no mesmo mês em que minha mãe perdeu a marcha e, em seguida, a fala. Minha filha falou mamãe. Ela conhecerá sua avó através de mim; não conhecerá minha mãe.

*

O corpo perpetua e conta a história do corpo. Inédito em cada indivíduo, cada gesto adquirido nos faz partilhar do desenvolvimento da espécie. Ao observar muito de perto o desenvolvimento de minha filha – nadando, rastejando, engatinhando, se colocando de pé –, concomitante com a falência de minha mãe, me torno responsável em fazer sobreviver experiências limites testemunhadas ao longo dos últimos anos.

Para coreógrafos como Steve Paxton e Anne Teresa de Keersmaeker, o caminhar é a origem do dançar. My walking is my dancing, nas palavras da coreógrafa belga. Toda a aquisição motora pregressa ao aprendizado da marcha, ao mesmo tempo que cria condições para que ela possa ser realizada, também nos coloca ao rés do chão, nos faz comungar com outras formas de vida, já que, mesmo que por um período curto de tempo, toda vida humana nadou, rastejou, se deslocou em quatro apoios. De que forma descrever o testemunhar desse aprendizado? De que forma perpetuar palavras diante do fim dessas danças? Diante do silêncio de quem as experimentou? Se a dança faz das experiências da vida matéria de criação, como transpor esse mergulho para o texto?

Os poemas que compõem este ao fim da dança fazem parte da coda final de minha dissertação de mestrado, defendida em maio de 2022, sob o título Ao fim da dança – ensaios sobre o dançar e o fazer literário. Ao longo da dissertação e mais experimentalmente na coda final, em forma de poema em prosa, exercito a proximidade entre palavra, corpo e movimento. O corpo e seus ritmos impressos na quebra de versos, na reincidência de palavras e citações, nas metáforas que o descolam de uma vivência utilitária na direção de uma experiência imaginativa e sinestésica. Nas pontas dos dedos, nas flechas e frestas dos olhos, a palavra há de dançar.

Referências:

  • Adília Lopes, Dansar. Manhã. Porto: Assírio & Alvim, 2015.
  • Aline Freitas; Gisele D. Felice; Waldimir M. L. Neto, “Caracterização das Práticas Funerárias do Sítio Arqueológico São Braz, Área Arqueológica Serra da Capivara-PI”. FUMDHAMentos (2020), vol. XVII, n. 2. pp. 43-71.
  • Andreia Yonashiro, Circa. São Paulo: Terreyro Coreográfico, 2017. 
  • Anne Teresa De Keersmaeker; Bojana Cvejic’, En Atendant & Cesena, A Choreographer’s Score by Anne Teresa de Keersmaeker & Bojana Cvejic’. Brussels: Mercatorfonds, 2013.
  • Artur Barrio, “4 dias 4 noites”. In: Artur Barrio: A metáfora dos Fluxos 2000/1968. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 2001.
  • Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2013.
  • Júlia Rocha, Iniciação Cientifica, PUC-SP, 2012.
  • Noemi Jaffe, Lili: novela de um luto. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
  • Pascal Quignard, L’origine de la danse. Paris: Éditions Galilée, 2013.
  • Pascal Quignard, Da imagem que falta aos nossos dias. Tradução: Nina Guedes. Rio de Janeiro: Zazie Edições, 2018.
  • Steve Paxton, Material for the spine: une étude du mouvement, a movement study. webapp. Editions Contredanse, 2008-2019. 
  • Yoko Ono, Accorn. Tradução: Carolina Caires CoelhoSão Paulo: Bateia, 2014.