[N.197 | 2025]

Maternidade indígena

Márcia Mura

revisão Andrea Stahel

Mãe da nação com o corpo/espírito/território violado.
Antes dos invasores, risos com os curumins e cunhantãs banhando-se nos rios, lagos, igarapés, fazendo roçado e coleta na floresta, nas campinas, nos cerrados, nos lavrados, ensinando a pedir licença para a mãe dos lugares sagrados.
Maternidade indígena com direito a parto tradicional.
Maternidade indígena no hospital é direito violado e apagamento colonial que se impõe. Registro oficial?
Pardo.
Apesar do atravessamento colonial, temos a mãe encantada protetora dos lugares.
Maternidade indígena é coletiva: cuida mãe, cuida tia, cuida avó, cuida a parenta.
Mãe de sangue, mãe cultural, filhos do ventre e do coração, presentes de Namatuyky.
Maternidade indígena tem seu ritual.
Maternidade indígena não é igual, tem diversidade cultural.
Parem de matar as mães indígenas!

Sobre a autora

Tanãmak é o nome cultural de Márcia Mura, e significa mulher guerreira. Nascida em Porto Velho em 1973, é doutora em História Social pela USP, professora, escritora e diretora dos minidocs As Mura em Marcha e A vida antes e depois das hidrelétricas. É autora dos livros Espaço Lembrado: Experiências de Vida em Seringais da Amazônia, Tecendo Memórias Mura e de outros parentes e Curumim do Rio Machado. Coordenadora do coletivo Mura e da articulação das indígenas Mulheres Mura, pertence ao movimento Wayrakuna e ao Mulherio das Letras.