mulher-negra

  • O aniversário de minha mãe era dia 28 de abril, data que nada jamais poderá apagar de minha memória. Era todo ano um acontecimento agendado com precisão como uma consagração. Na escola Dubouchage, onde ela ensinava havia vinte anos, suas alunas preferidas, pois ela tinha sua corte, recitavam-lhe elogios e entregavam-lhe um buquê de rosas, […]

  • O sorriso da minha melhor amiga, a última música da minha banda favorita, o cheiro do café da minha avó e as suas histórias que nunca tinham fim. A descoberta do meu corpo foi numa terça-feira à tarde. O calor subia pelas minhas pernas. O toque, leve como uma pluma, e a sensação de estar […]

  • O legado duradouro da escravidão nos corpos das mulheres negras nas Américas resultou, de forma visível, em algumas das taxas mais baixas de amamentação e, o que é ainda pior, em uma crise de mortalidades infantil e materna. As disparidades raciais que persistem ainda hoje (sobretudo na área da saúde) são efeitos em cascata da […]

  • Minha mãe tinha duas caras e uma frigideira
    na qual ela preparava suas filhas
    para serem meninas
    antes de cozinhar nosso jantar.
    Minha mãe tinha duas caras
    e uma panela quebrada
    onde ela escondia uma filha perfeita
    que não era eu
    eu sou o sol e a lua e eternamente faminta
    pelos olhos dela. […]

  • Ainda estava tomada por esses pensamentos sinistros, contando a féria do dia, quando ouviu os gritos de saudação das esposas do senhorio, que ainda não haviam entrado para suas casas. “Sejam bem-vindos, nossos heróis!”. As crianças correram para fora para ver quem havia chegado. Nnamdió foi junto, misturado às pernas deles, e Nnu Ego alertou: […]

  • Quando eu tinha uns sete ou oito anos, minha mãe costumava colocar para tocar, todo dia antes de sairmos para a escola e para o trabalho, a música Greatest Love of All (O maior amor de todos), da Whitney Houston, e cantávamos junto do início ao fim. De pé na sala, logo antes de vestirmos […]

  • Do dentro do nosso quintal

    Fabiana Carneiro da Silva

    Dou um xêro na barriga e ganho um cafuné. Dengo bom que me distraiu e eu nem vi o passar do tempo, dois anos desde aquele dia em que me rasguei para recebê-la. Naqueles primeiros dias, minha menina se fazia urso em inverno. Hoje, somente uma soneca rápida ao longo do dia. […]

  • mãe/solo/fértil

    tatiana nascimento

    eu não sou
    virgem, nem santa, nem sou s
    agrada, mas tive o ventre
    livre feito terra farta pra
    feitura do mistério
    (ele está no meio de nós
    entre os lapsos, des
    compassos, dist
    ânsia & how
    dare you […]

  • Menu da separação

    Priscila Obaci

    Quando a Mãe já não é o prato principal
    os filhos viram degustação de 15 em 15 dias. […]