vínculo

  • Segundo domingo de maio

    Eliane Marta Santos Teixeira Lopes

    No domingo,
    de presente,
    eu quero
    uma mãe. Que seja loura
    que seus olhos
    sejam verdesinzas,
    que seu nariz
    seja nem bonito, nem feio. […]

  • Minha mãe vive aqui

    Isabel Zapata

    As coisas que tenho me pesam. Há objetos que acumulo por gosto, necessidade ou herança e que invadem os metros quadrados a que tenho o atrevimento de chamar de meus. Não é uma revelação new age nem uma diatribe anticapitalista dizer que, em alguns momentos, sinto que as coisas se apoderam de mim: o baú […]

  • Cecília flagrou Eva chorando no banheiro. Um de seus brinquedos de pelúcia estava jogado na privada. Ninguém viu como ele foi parar lá. A mãe pegou a menina no colo e a levou para o seu quarto, disse que não tinha problemas, logo iriam a uma loja comprar um novinho. Eva, que estava inconsolável, foi […]

  • Quarto trimestre

    Carina Carvalho

    sonho com uma praia de areia e luzes vermelhas e pessoas esperando o início de um evento. inquieta, eu percebia que estava ali há muitas horas e não tinha deixado leite para Ícaro. alguém dizia para não me importar com algo assim, que ele ficaria bem onde estivesse. eu seguia receosa e sentindo culpa. […]

  • Quatro corpos

    Cris Moreira

    O meu corpo produziu, ao mesmo tempo, quatro rins, quatro pulmões, dois fígados, dois apêndices (que dizem não servir para mais nada, mas continuam sendo produzidos e exigindo uma imensa energia desse outro corpo que o produz).
    Durante 28 semanas, dois corações, além do meu, bateram no meu corpo. […]

  • Itemerários amores

    Eliane Marta Santos Teixeira Lopes

    … então, do casamento que era ainda muito amoroso, nasceu Rodrigo, em 13 de abril de 1975, por volta de sete da manhã. Mas tê-lo em meus braços, meus temerosos abraços, demorou. Era estranho, e familiar. Não tinha mais barriga e um bebê queria sugar meu peito. […]

  • Pontos de Nós

    Mari Polke

    Mãos, gestos, linhas visíveis e invisíveis. Um ponto ligado ao outro. Tenho pensado muito sobre as mãos. Em algum momento da pandemia, uni as pintas do meu braço com uma canetinha rosa, assim como meu filho riscou a parede em um ataque de fúria. Mamãe, você está mais calma agora? […]